sábado, 31 de dezembro de 2016

Feliz Ano de 2017

O fim do ano é altura de fazer um balanço. Refiro-me em especial ao blogue, este tamagochi com necessidades constantes de alimentação. Desde que o iniciei em 2008 foi este o ano em que publiquei menos. O novo livro que estou a escrever tira-me muito tempo e como me remete para um campo diferente fico menos disponível para temas gastronómicos.
Os incentivos também são poucos. Tendo acabado o sitemeter nunca se sabe exactamente o número de visitas e os comentários são sempre escassos. Quando liguei o blogue ao facebook pensei que o número de leitores ia aumentar, mas agora tenho a sensação de que um grande número de pessoas se fica pelas imagens. Somos bombardeados por um excesso de informação e a nossa capacidade de concentração vai diminuindo. Os livros publicados são cada vez mais superficiais mas são esses livros de leitura rápida que as pessoas compram e leem.
Para o Novo Ano desejo a todos felicidades. Há quem faça planos rigorosos, numa espécie de check list, para irem cumprir. Para esses e para os outros, que como eu que têm uns vagos planos que talvez se venham a cumprir, desejo sucesso.
Acarinhem as pessoas de quem gostam e alimentem as amizades. À medida que vamos envelhecendo as amizades diminuem. Uns partem outros adoecem. Uma das minhas melhores amigas foi institucionalizada com Alzheimer precoce. Há dois dias um amigo meu, o Jorge Tavares da Silva, ligado a estas actividades gastronómicas e com vários livros publicados, a quem devo o desafio de me ter metido nas escritas da história da alimentação, ao propor-me escrever a «Mesa Real», também nos deixou subitamente.

É cada vez mais difícil fazer amigos. E as amizades não se fazem rapidamente como pudins instantâneos. Por isso comecem já hoje. Não esperem pelo dia 1 do Novo Ano. 

domingo, 25 de dezembro de 2016

O Bolo de Natal de 2016

Este foi eleito o bolo de Natal cá de casa. É todos os anos igual e tornou-se uma tradição. O que muda de ano para ano é a decoração, embora as cerejas estejam quase sempre presentes.
Não quero ficar com os louros. Não foi feito por mim mas pela Antónia, o meu braço direito caseiro desde há 30 anos, a quem eu ensinei coisas que já me esqueceram e que as executa agora melhor que eu, a começar pelas sopas.
A receita é a de um chifon de chocolate e as alterações por mim introduzidas foram adicionar uma camada de doce no meio do bolo e cobri-lo com outra camada do mesmo antes de colocar o chocolate no exterior. Esta é nitidamente a minha interpretação da «Sacher torte» e nalguns anos não fica inferior.
Uso habitualmente geleia de marmelo caseira ou, quando não tenho da Pastelaria Cister, mas este ano foi utilizado um doce de ameixa que fiz este Verão e o contraste do ácido da ameixa como o chocolate ficou óptimo.
Os amigos mais chegados ainda podem provar nos próximos dias, mas têm que ser rápidos.

P.S.: Todos os anos me interrogo porque só se faz este bolo no Natal.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Planta Mistério Nº3. Resposta: Curcuma ou Açafrão da Índias

 
A curcuma, também chamado açafrão das Índias é uma especiaria obtida a partir do rizoma da Curcuma Longa. É designada em inglês Turmeric e foi essa a designação porque a conheci quando comprava especiarias em Inglaterra, quando ainda não havia em Portugal. Dei-me ao trabalho de tentar descobrir onde os ingleses foram buscar essa palavra e devo dizer que apesar das várias teorias a sua etimologia é obscura. Pelo contrário a nossa é evidente. Já a designação de Açafrão da Índias tem a ver com o facto de muitas vezes substituir o verdadeiro açafrão, que é mais caro. A curcuma confere aos alimentos uma cor idêntica, mas não o gosto, onde perde grandemente.
Usa-se habitualmente em pó depois de seco o rizoma e moído. A primeira vez que a vi à venda em Portugal comprei para experimentar usá-la fresca. Meti mesmo um fragmento num vaso na varanda que não sei se resistiu, mas que comprovarei na Primavera. O processo de utilização foi um pouco desastroso porque consegui ralá-la com facilidade com o microplane, mas demoraram semanas até conseguir tirar os restos e a coloração do ralador. Conclusão: vou continuar a usá-la em pó.
Imagem da Wikipedia tirada do livro de Franz Eugen Köhler, Köhler's Medizinal-Pflanzen
É como sabem o principal constituinte do caril e uma especiaria que eu tenho em grande consideração e uso frequentemente. Utilizo-a sobretudo em pratos com estufados e em sopas de peixe. Não pelo gosto que é subtil, mas pela coloração e pelas suas acções. 
Um dos tipos de curcuma à venda no mercado 
Quando faço conferências sobre alimentação gosto de referir os mitos que neste campo são cada vez mais. Acontece que com a curcuma não existem mitos mas factos comprovados cientificamente que demonstram que a curcumina, o principal constituinte extraído dos rizomas secos da Curcuma longa L. têm efeitos anti-oxidantes e anti-inflamatórios, sendo eficaz em doenças que têm estes mecanismos por base mas também em doenças oncológicas.
Agora que ficou apresentado o produto fresco, para quem não o conhecia, só tem que decidir qual usar.
Foto artística minha feita a partir de uma foto de conjunto que ficou mal focada

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Planta Mistério Nº 3

Os mistérios que apresento relacionam-se quase sempre com objectos.
Os de plantas são raros porque o meu conhecimento neste campo também é menor.
Hoje apresento um tubérculo de uma planta usada como condimento. Sabem o que é?

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Museu Virtual: Forma para pudim

Nome do Objecto: Forma para doces.
Descrição: Forma troco-cónica de base redonda, furada, isto é, com chaminé central e com gomos a toda a volta, em dois níveis.
Material: Cobre revestida interiormente a estanho.
Época: Final do século XIX.
Marcas: Não tem. Apresenta dois números: 12 (referente ao modelo?) e 17 que corresponde ao diâmetro (17 cm).
Origem: Oferecida por Bernardo Trindade (pertenceu à bisavó).
Grupo a que pertence: equipamento culinário.
Função Geral: equipamento para cozinhar e moldar os alimentos.
Função Específica: Forma de pudim ou de gelatina.
Nº inventário: 2293
Objectos semelhantes: Vários não classificados.
Catálogo do início do séc. XX da Manufacture Française d'Armes & Cycles.
Observações: Tipo de forma muito usada no século XIX para a confecção de pudins, bolos e geleias. Estas últimas estiveram em moda no século XIX sendo preferidos estes moldes altos que permitiam uma apresentação mais vistosa. Apresentam-se em formas variadas mas algumas têm modelos específicos como por exemplo nas grandes a forma para Savarin ou nas pequenas as formas para madalenas ou queques.