terça-feira, 18 de agosto de 2015

Josefa de Óbidos em Lisboa

Rever a pintura de Josefa de Ayala Figueira (1630-1684) é sempre um prazer. Tive a sorte de visitar a anterior exposição sobre a sua obra, já lá vão mais de 20 anos, na galeria D. Luís, no Palácio da Ajuda, bem como a pintura de seu pai, Baltazar Gomes Figueira, em anterior exposição em Óbidos, também há alguns anos.
Mas olha-se para os seus quadros como da primeira vez observando atentamente os pormenores. São os seus quadros influenciados pelos bodegones espanhóis que, evidentemente, me entusiasmam mais.
Tentar adivinhar o nome dos doces conventuais apresentados em caixas de madeira, em pratos, em cestos ou em doceiras é um desafio. Admirar a presença dos confeitos perlados, brancos e encarnados, corados com cochinilha tal como as obreias recheadas, dispersas sobre a mesa, para nos aumentar a noção de relevo, é um teste à nossa concentração.
É uma oportunidade para descobrir novas obras ainda não vistas, muitas em colecções particulares, que nos deslumbram. Só agora percebi que existem dois quadros do mês de Março, semelhantes, com a diversidade do pescado e as cebolas pintadas com rigor (inteira num e noutro cortada ao meio, mas mostrando ainda a sua casca dourada).
É uma pintura feminina, no que isso tem de bom, com laços dispersos a enfeitar espetos decorativos nos pratos de bolos e nas asas dos púcaros, usados para beber água, com que, de costume se acompanhavam os doces.
Absolutamente a não perder. Termina no dia 6 de Setembro e pode ver-se no Museu de Arte Antiga, em Lisboa.

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