quarta-feira, 17 de julho de 2013

Um "tête-à tête" do Moinho Fluminense

Este conjunto de porcelana parece um tête-à-tête de brincar. Todas as peças apresentam escrito a dourado «O Moinho Fluminense. Manáos».
Pensei no início ser um presente de algum restaurante, mas na realidade apenas encontrei na cidade de Manaus um estabelecimento com essa designação, que correspondia a uma loja de venda de produtos alimentares, pertença de J. Guimarães Júnior.
É provável que fosse uma sucursal da conhecida fábrica de moagem «Moinho Fluminense» (1), fundada no Rio de Janeiro em 1883 e com alvará de funcionamento com a data de 1887. O edifício de grandes dimensões, foi construído de raiz de acordo com o projecto do arquitecto António Januzzi e destinava-se à moagem de cereais. A importância do edifício acompanhava a da indústria da panificação que dava no Brasil os primeiros passos; na realidade o pão de trigo só foi conhecido no Brasil no século XIX. A corte portuguesa habituada ao pão de trigo em Portugal seguramente que deve ter estranhado.
Foto da Fundação Bunge
Em 1914 o «Moinho Fluminense» foi adquirido pela empresa alimentar «Bunge Brasil». Em 1955, de acordo com um anúncio aos seus produtos existia também o chamado «Moinho Central» em S. Paulo, igualmente pertença da então designada firma «Moinho Fluminense, SA.». Ambos os edifícios foram abandonados e sofreram incêndios. Tiveram, contudo, destinos diferentes; enquanto o moinho de S. Paulo foi implodido, o do Rio de Janeiro transformou-se num centro comercial.
Quanto à  provável filial em Manaus só consegui encontrar uma foto, em que a simplicidade do edifício contrasta com o requinte do serviço de porcelana. Seguramente que falta um elo nesta história, que deve estar relacionado com o progresso associado ao “ciclo da borracha”.
Aqui fica a imagem do requintado serviço que, imagino, foi trazido para Portugal por alguém que viveu no Brasil. Quanto à explicação da identificação em letras douradas «Moinho Fluminense. Manáos» é um desafio de que fico a aguardar achegas para esclarecimento.  

(1) A ausência do «O» inicial torna esta hipótese menos consistente.

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