quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A Manteiga Burnay

A Manteiga Burnay, de reconhecida fama durante o primeiro quartel do século XX, era produzida pela Empreza A.C. Burnay Limitada, que tinha uma fabrica de centrifugação no Santo da Serra, na Ilha da Madeira.

A empresa foi fundada por Adolfo Constant Burnay em 1895, o primeiro desta família que se fixou na Madeira. Era filho de Carlos Constant Burnay, primo do conhecido banqueiro Conde de Burnay.
Adolfo Burnay casou com D. Maria Matilde de Menezes Cabral, natural de Santa Cruz, vindo a estabelecer-se na Vila de Santa Cruz (1).
A fábrica de lacticínios começou de forma modesta, produzindo apenas o leite produzido pelas suas vacas, mas a pouco e pouco passou «a adquirir todo o leite que os criadores de gado da localidade podiam ceder e pagando-o a 20 réis o litro» (2).

A década de 20-30 corresponde ao período áureo da produção de lacticínios na Madeira. Em 1934 -1935 registava-se a produção de 840 toneladas de manteiga, das quais 660 destinadas á exportação, tornando-se esta na actividade mais rentável do sector agrícola.
Nesta década existiam na Ilha da madeira 22 fábricas de produção de manteiga, das quais sete na freguesia de Santa Cruz. Dispersas pela ilha da Madeira existiam mais de 30 postos de desnatação, alguns dos quais pertencentes a Adolfo Burnay.
Na grande maioria tratavam-se de pequenas fábricas, onde se destacavam três de maiores dimensões: a aqui referida de Adolfo Burnay; outra fábrica de Pedro A. de Gouveia, designada pela Fábrica da Fajã da Ovelha, que produzia a manteiga “Águia”, e a da Firma Martins & Rebelo.

A manteiga Burnay era considerada de grande qualidade, sendo vendida em Lisboa nos melhores estabelecimentos e a um preço elevado.
Revista Brasil-Portugal, 1909.
Em publicidade publicada na revista Brasil-Portugal, de 1909, constata-se que o agente geral em Lisboa era João Bastos Júnior, com sede na Rua dos Franqueiros, 235 e entre os depositários/vendedores encontravam-se as melhores casas de comércio alimentar lisboeta, de entre as quais saliento a Jerónimo Martins, na Rua Garret e José Afonso Viana, ao Largo Camões, fornecedores da Casa Real.
Bons tempos para os lacticínios madeireneses.

1) Clode, Luis Peter, Registo Genealógico das Famílias que passaram à Madeira, 1952.
(2) Silva, Fernado Augusto e Menezes, Carlos de Azevedo, Elucidário Madeirense. 1978.

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