quarta-feira, 1 de junho de 2011

Os chocolates "La Marquise de Sévigné"

Revista «L'Illustration», Natal de 1931
A beleza dos anúncios ao chocolate “Marquise de Sévigné”, dos anos 30, publicados na revista «L’ lllustration», fez-me adiar outros temas, para falar num chocolate que foi sempre um símbolo de luxo. Pela sua qualidade, mas também pela forma artística das suas embalagens.
Esta empresa chocolateira teve o seu início em 1892, pelas mãos de uma filha de chocolateiros franceses. Clémentine, juntamente com Auguste Rouzaud, tomou posse de uma pequena loja numa estância termal em Royat. O nome da futura empresa ficou-se a dever ao facto desta se ter deslocado a Vichy para oferecer uma caixa dos seus chocolates a Edmond Rostand, que a aguardava precisamente no “pavilhão Sévigné”. A atribuição desta designação do local teve origem no facto de a marquesa de Sévigné, nos anos de 1676 e 1677 aí se ter deslocado para uma cura termal nas águas de Vichy. Tendo então problemas de paralisia das mãos, que a impediam de escrever, encontrou aí a cura que lhe permitiria retomar a sua escrita. 
«L'Illustration», Natal de 1933
Antes de conhecer esta história pensava eu que o nome dos chocolates se devia ao facto desta se referir, nas suas cartas, ao seu gosto pelo chocolate. Na realidade, Madame de Sévigné (Marie de Rabutin-Chantal 1626-1696), esta culta e interessante cortesã, por quem sempre nutri uma grande simpatia e cujas cartas para a sua filha, a condessa de Grignan, são uma fonte de conhecimento da corte francesa no século XVII, refere várias vezes o uso do chocolate e aconselha mesmo a sua filha a tomá-lo como estimulante.
Mas voltemos ao tema desta marca de chocolates para realçar a originalidade do produto e das embalagens que a tornaram um sucesso. Entre 1900 e 1914 a empresa inaugurou 14 lojas em França, sendo a de Paris um local requintado procurado pela elite francesa e internacional.
«L'Illustration», Natal de 1938
Quando em 1952 morre Cleméntine a firma passa para as mãos do neto. Em 1970 deixa de ser uma empresa familiar e é adquirida por um grande grupo.
Mas logo em 1973 passa novamente para a posse de uma outra família chocolateira, Burrus, que havia iniciado a sua actividade em 1911. Hoje o sucesso mantém-se, mas é a publicidade dos anos 30 que quero mostrar através destas interessantes imagens, que revelam vários modelos de caixas, concebidas especialmente para a época natalícia.
Falamos de papel, mas podemos imaginar, pelo requinte dos anúncios, o prazer que o presente de qualquer uma destas caixas deve ter proporcionado aos felizes contemplados. Já para não falar dos chocolates em si.

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