segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O chocolate. A sua introdução na Europa


No século XVIII as chamadas ”bebidas exóticas” incluíam o café, o chá e o chocolate.
Destas, a que mais precocemente foi introduzida na Europa, foi o chocolate. Era bebida pelos índios Maias do México e mais tarde pelos Aztecas, sendo utilizada como remédio para a tosse e a febre, mas era sobretudo uma bebida usada nos rituais religiosos. Era designada pelos aztecas como “xocoatl”, designação que viria a dar a palavra “chocolate”, usada em toda a Europa.
Fig-1 Chocolateira com orifício na tampa para o molinete

Foi trazida pelos soldados espanhóis para a corte espanhola, juntamente com outros produtos, então desconhecidos, e de que falaremos posteriormente. Inicialmente e tal como era bebida pelos “índios” não se tratava de uma bebida doce. Resultava do esmagamento dos frutos secos e a este pó se adicionava água e várias especiarias como a pimenta, a baunilha e outras.
Logo no século XVI os espanhóis adoptaram esta bebida mas de forma a ter uma maior aceitação juntaram-lhe açúcar. A sua confecção foi guardada como segredo, pelo que em França apenas no século XVII começaria a ser usada. Devido ao seu elevado preço e à sua associação com o açúcar, outro produto de luxo, o seu consumo ficava restrito às elites. Mas seria no século XVIII que esta bebida, tal como o chá e o café, teriam uma maior divulgação, entrando na moda nas cortes europeias. Portugal não escapou a esta moda, sendo consideradas um luxo e um requinte, eram servidas regularmente na corte e também nos banquetes e recepções aos embaixadores estrangeiros e visitas de cerimónia.
Tanto a árvore que produzia esta semente, como o seu género, foram designadas pelo cientista sueco Carl von Linnaeus, em 1735, “Theobroma cacao”, que significa à letra «cacau, o alimento dos deuses», o que nos permite compreender o valor que lhe era atribuído.
Mas nenhum pais superou a Espanha na apreciação desta bebida. A sua divulgação no século XVII foi tão grande que se discutia mesmo se ao ingerir esta bebida se estava a interromper o período de abstinência religiosa da Quaresma, como se comprova pela publicação, em 1636, do livro «Question Moral si el chocolate quebranta el ayuno Eclesiastico». Ainda hoje podemos constatar como continua a ser apreciada pelos “nuestros hermanos” ao tomarmos o pequeno-almoço em qualquer estabelecimento de restauração, desde o simples café de bairro até ao melhor hotel. O chocolate em chávena, bem espesso, acompanhado de churros, está sempre presente.
Tal como aconteceu com o açúcar, também ao chocolate foram atribuídas capacidades terapêuticas sendo tomado como remédio. Em 1806 vamos encontrar referência aos chocolates medicinais nos «Elementos de Pharmacia,» publicado em Portugal. Considerado como estimulante e afrodisíaco, eram-lhe atribuídas outras características como facilitadora da digestão e antitússico. Esta última característica devia-se a um dos seus constituintes a “teobromina”.
Fig 2 .Um dos mais apreciados chocolates espanhóis em barra

Apenas em meados do século XIX o chocolate encontraria a forma sólida, com que hoje mais frequentemente se nos apresenta. Durante mais de 2.000 anos o chocolate foi uma bebida apenas, mas uma bebida considerada “alimento dos deuses”. Para a confeccionar, para a beber e servir, foram criados objectos específicos sobre os quais falaremos proximamente.

1 comentário:

-pirata-vermelho- disse...

Isto vicia!
Mas é bom para os 'encanamentos', o preto, o sem-misturas...

Geralmente ouve-se a loa ao rojão ou ao tinto agarrado à malga. Em Castelo Rodrigo às chouriças... julgo.
Mas!
tem muita graça, a história dos instrumentos. Na música é também assim...